28.3.07

INGenuidades (Recomendação)

Leiam este excelente e didáctico texto do António Faria publicado no Grand Monde e levem-no como roteiro quando visitarem a exposição INGenuidades. (A quem ainda não foi à Gulbenkian aviso que só tem um mês para ver a exposição de Fotografia do ano.)

Carlos Miguel Fernandes

20.3.07

a gerência recomenda

theonlinephotographer.blogspot.com

strobist.blogspot.com

O primeiro pela escrita e humor, o segundo, pelo que se aprende...

g

12.3.07

Os Alfarrabistas de Amsterdão

Durante a tarde passada em Amsterdão, à espera do voo para Seul, encontrei aquilo que mais procurava. Da visita que fiz à cidade, em 1999, recordava-me, com especial saudade, dos alfarrabistas onde comprei algumas das melhores peças da biblioteca de Fotografia. Desta vez, para além das casas forradas de livros que se podem encontrar perto da Dam, tive a felicidade de os ver todos reunidos numa pequena feira do livro, em local que não posso indicar com precisão pois deambulei pela cidade, durante o pouco tempo que tinha, sem mapa. Da curta visita consegui trazer um catálogo de Cartier-Bresson editado nos anos setenta, uma edição de autor de Lartigue da mesma época, uma biografia de Stieglitz, uma biografia (com fotografias) de Lewis Carrol e um livro sobre fotografia húngara.

Por aqui, em Seul, está uma exposição com imagens de Ansel Adams, Brett Weston e outros. Ainda estou a tentar descobrir o local exacto da mostra (na Coreia, esta é uma tarefa mais complicada do que aparenta ser). Entretanto, em Insa-dong, a pintura continua a dominar o roteiro das galerias.

Carlos Miguel Fernandes

8.3.07

Bohnchang Koo

Quando visitei Seul pela primeira vez, em 2001, passei horas a percorrer as ruas de Insa-dong, o bairro das antiguidades e das galerias de arte. Entrei em várias galerias, mas em nenhuma encontrei uma exposição de fotografia. Há uns anos, alguém me disse que, em Portugal, é mais fácil expor má pintura do que boa fotografia; mas não é apenas no nosso país que esta é subalternizada pela pintura e outras artes. Foi só na Galeria Rodin, noutra zona da cidade, que encontrei a mostra de Bohnchang Koo. Da exposição trouxe o livro e o folheto. Ficaram guardados na prateleira até agora, à espera de disponibilidade para conhecer a obra e a biografia do fotógrafo, e talvez dessa forma entrar no mundo da fotografia coreana. Mas a ambição é sempre maior do que o tempo. Agora, já com as malas feitas para o ansiado regresso a Seul, limpei o pó do livro e fiz uma pesquisa na rede (sem grandes resultados). Deixo-vos aqui algumas imagens da exposição que vi em 2001.





Seis anos depois da primeira visita à Coreia, vou voltar a tentar, vou bater todas as galerias de Insa-dong em busca da alma da fotografia coreana. Busan, o pouso seguinte nesta jornada oriental, também deve guardar algumas surpresas, pois uma cidade com cinco milhões de habitantes é sempre um embrião de criatividade.
Volto em breve. Até lá, o Gonçalo toma conta da casa.

Carlos Miguel Fernandes
P.S. De Seul, em 2001, trouxe também isto.

5.3.07

Yousuf Karsh e Churchill

Vestia kilt e tocava gaita-de-foles nas festas escocesas. Possuía uma que lhe fora enviada da Escócia e ele próprio fabricara outra durante os longos invernos da Patagónia. Nas paredes da casa estavam penduradas vistas da Escócia,fotografias da família real britânica e o retrato de Winston Churchill por Karsh.
Bruce Chatwin, Na Patagónia



Lendo este trecho podemos conjecturar que Bruce Chatwin (1940-1989) e Luis Sepúlveda partilhavam, para além da paixão pela Patagónia e a afeição pelos moleskine, um razoável conhecimento da obra de Yousuf Karsh (1908-2002 ).
É este o retrato a que Chatwin se refere, e que fez de Karsh um fotógrafo famoso.


Yousuf Karsh, Winston Churchill, 1941


A imagem tornou-se num símbolo da Inglaterra e da sua vontade de combater e vencer, numa época em que os seus cidadãos sofriam com os bombardeamentos alemães. Hoje, quando tanto se fala na "postura de estadista", recordamos a génese de um retrato e de um político que ajudaram a definir o paradigma dessa postura, fisica e politicamente.
Em 1941, W. L. Mackenzie King, o primeiro-ministro do Canadá, combinou um encontro entre Yousuf Karsh e Winston Churchill (1874-1965), durante o qual o fotógrafo acabou por realizar o retrato que marcou a História da Fotografia, tal como o Churchill marcou a História do século XX. O encontro deu-se após o discurso de Churchill no parlamento canadiano e não durou mais do que dois minutos. O primeiro-ministro inglês, que iniciou a sua carreira política em 1900, no partido conservador, embora tenha também passado por governos liderados pelo partido liberal, entrou impaciente na sala reservada para o encontro, fumando um charuto que acabara de acender. O fotógrafo, habituado ao controlo total do retrato e do retratado, pediu delicadamente a Churchill para apagar o charuto: – Sir, here is an ashtray. – ao que Churchill respondeu com o silêncio. Karsh, com pouco tempo e paciência, arrancou o charuto das mãos de Churchill e disparou o obturador da sua câmara. E assim ficou registada a célebre “cara de mau” do primeiro-ministro inglês! Este, dirigindo-se de seguida a Karsh, disse-lhe, enquanto lhe apertava a mão: – Well, you can certainly make a roaring lion stand still to be photographed.


Esta é a lenda, e talvez não seja mais do que isso. Mas quando a lenda é mais interessante do que a realidade...imprime-se a lenda.

(Fonte: Peter Pollack, The Picture History of Photpography - From the earliest beginnings to the present day. Abrams Pub., New York, 1977)

Carlos Miguel Fernandes