28.5.08

Victor Palla

Mais um excelente trabalho do Luís Trindade e da P4Photography (sim, o meu comentário não é imparcial): leilão do espólio de Victor Palla, na P4Photography, dia 29 de Maio. Fica aqui o texto do Alexandre Pomar.

VICTOR PALLA [1922-2006]

Arquitecto e fotógrafo, com obras de referência em ambas as áreas, Victor Palla foi também pintor, ceramista, designer gráfico, editor, tradutor, galerista, agitador de ideias e animador de muitas iniciativas. “Lisboa Cidade Triste e Alegre”, que expõs e publicou em 1957-1959, em colaboração com Costa Martins, foi uma pedrada no charco no panorama da fotografia portuguesa. Redescoberto e redistribuído em 1982, por António Sena e a associção-galeria Ether, o livro tem vindo a ser internacionalmente valorizado como uma das realizações editoriais mais significativas do seu tempo, nomeadamente por Martin Parr e Gerry Badger, na sua história do livro fotográfico, «The Photobook», em 2004.
Para além dessa obra, porém, as fotografias de Victor Palla continuaram a ser pouco conhecidas, em especial quanto à sua vertente mais experimentalista e ao cruzamento com as inquietações do artista plástico ou as actividades do arquitecto e do designer, que foram as suas outras carreiras paralelas. Essa vertente experimental foi ensaiada logo no início da década de 50 e voltou a estar muito presente em várias exposições realizadas a partir dos anos 80, com destaque para “Objectiva 84” da Festa do Avante ou a individual “A Casa”, em 2000, no Centro Cultural da Gulbenkian, em Paris.

Victor Palla nasceu em Lisboa em 1922 e aqui faleceu também em 2006, com 84 anos. Começou por estudar arquitectura em Lisboa, antes de se transferir para o Porto, onde se diplomou. Ainda como estudante, logo em 1944, dirigiu a Galeria Portugália e foi um dos dinamizadores das Exposições Independentes, onde expôs pintura ao lado de Fernando Lanhas, Júlio Resende, Nadir Afonso e Júlio Pomar. De regresso a Lisboa, participou nas Exposições Gerais de Artes Plásticas em quase todas as edições entre 1947 e 1955, com obras de desenho, pintura, artes decorativas, escultura e fotografia.
Em 1973 fundou a galeria Prisma com Costa Martins, Rogério de Freitas e Joaquim Bento de Almeida, onde expôs pintura no ano seguinte. Além das inúmeras mostras colectivas em que participou, fez outras exposições individuais na Galeria de Arte Moderna da SNBA, em 1977; Diagonal, 1983; Diário de Notícias, 1984. (MAIS?)

A partir do início da década de 50, Victor Palla foi um dos modernizadores da arquitectura portuguesa, seguindo os princípios funcionalistas do Estilo Internacional com particular radicalidade plástica, sob influência brasileira. À intervenção teórica e de divulgação em revistas (algumas sob a sua direcção) juntaram-se obras como a escola do Vale Escuro, de 1953, projectada com Joaquim Bento de Almeida. Com atelier conjunto durante 25 anos, a dupla de arquitectos teve acção relevante na renovação dos espaços comerciais de Lisboa, em paralelo com Keil de Amaral e Conceição Silva. Em especial, ficaram a dever-se-lhes os novos cafés e snack-bares Terminus, Tique-Taque, Suprema, o antigo Pique-Nique, no Rossio, e o Galeto, já em 1966. O seu talento multifacetado está presente no dinamismo espacial e material dos volumes arquitectónicos, conjugado com o design inovador do mobiliário e da iluminação, adequados aos novos consumos da «vida moderna».

O design gráfico e a edição foram outras áreas em que Victor Palla se distingiu desde muito cedo, com trabalhos importantes para criação de um gosto visual moderno. Em 1952, frequentou o Publishing and Book Production Course em Londres, criando a seguir a famosa colecção de bolso “Os Livros das Três Abelhas” e as edições Folio, ambas com José Cardoso Pires. Fundou com Orlando da Costa, o Círculo do Livro e, entre outras actividades de editor, autor, tradutor e capista, realizou o plano gráfico da editorial Arcádia.
O Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian dedicou a Victor Palla uma retrospectiva fotográfica em 1992, e o Centro Português de Fotografia atribuiu-lhe o Prémio Nacional em 1999.
Alexandre Pomar

19.5.08

I Encontros de Fotografia de Granada

Ainda não tive tempo para ver todas as exposições dos I Encontros de Fotografia de Granada, mas gostei do que vi no sábado passado. Estamos a falar de um Festival periférico, acabado de nascer, mas que revelou uma organização madura e matéria-prima com qualidade. Gostei também de ver o NAF representado na projecção de sábado, com o trabalho do nosso colega Nuno Matos. O melhor da festa foi, até agora, o pequeno livro de Laura Covarsi (Badajoz, 1979), que pode ser comprado aqui.

Portugal teve um lugar de destaque na projecção de Luísa Monléon (Zaragoza, 1979). A fotógrafa espanhola (novo talento FNAC 2008) mostrou-nos um retrato sombrio de Portugal, com fugazes raios de luz. Há um claro contraste com a imagem que os portugueses têm do seu país, tantas vezes visto com um lugar de sol e alegria, mas que é olhado, desde esta Espanha eufórica e colorida, como a parcela mais melancólica da península. O fado, escutado com muita atenção deste lado da fronteira, reforça essa visão escura, e talvez certeira, do “país das praias”.

Carlos Miguel Fernandes

11.5.08

Fotografia em Granada

Os I Encontros de Fotografia de Granada começam na noite da próxima quinta-feira. Todas as informações aqui.

Carlos Miguel Fernandes