Henri Cartier-Bresson, Alberto Giacometti, 1961
A primeira grande retrospectiva do trabalho de Jacques Henri-Lartigue (1894-1986) em terras francesas ficou registada no pequeno catálogo 8x80, com edição da Delpire e prefácio de Michel Frizot. Patente ao público em 1975 no Musée des Arts Decoratifs, em Paris, a exposição contou com cerca de duzentas fotografias, das quais foram seleccionadas sessenta e uma para integrar o catálogo. O papel é óptimo e as provas estão perto da perfeição.
Lewis Carroll (1832-1898) é famoso como autor dos livros Alice no País das Maravilhas e Alice do Outro Lado do Espelho. Menos conhecida é sua actividade como professor de matemática, mas uma leitura cuidada dos textos revela uma ligação à lógica, à ciência, ao xadrez; e ainda hoje os dois livros são terreno fértil de metáforas para paradigmas e teorias. (O termo Red Queen Effect, que designa uma teoria da biologia evolutiva cada vez mais contestada que pretende explicar alguns fenómenos como a emergência e vantagem do sexo no processo de evolução, foi inspirado num episódio do livro Alice do Outro Lado do Espelho.) A sua obra fotográfica, centrada no retrato, encontra-se também na sombra do sucesso dos livros de Alice, mas tem argumentos para nos pedir um olhar atento. A afinidade com o trabalho de Julia Margaret Cameron (1815-1879) é notória, não só nas formas como no método: Lewis Carroll, tal como a fotógrafa inglesa, encontrava naqueles que lhe estavam próximo os motivos dos seus estudos fotográficos. As crianças ocupam grande parte do seu trabalho, e Alice Liddel, a Alice que inspirou os seus livros, faz parte da extensa galeria de retratados (que inclui também Julia Margaret Cameron). Lewis Carroll, Photographer começa com um texto de Helmut Gernsheim sobre o autor integrando-o na História da Fotografia inglesa. Seguem-se sessenta e três retratos, onde não falta Alice Liddel, nem o xadrez, uma das paixões de Carroll: o notável The Misses Lutwidge, 1859, mostra as tias do fotógrafo no “meio jogo” de uma partida de xadrez. Este livro agora adquirido em Amsterdão junta-se a uma das peças mais estimadas da biblioteca, a qual encontrei em Lubliana há alguns anos. Chama-se Lewis Carroll, foi editado pelo British Council em 1998, no centenário da morte do artista, e junta ensaios de Marina Werner, Roger Taylor e Michael Bakewell, para além de vinte e quatro imagens.
No livro Stielglitz – a memoir/biography, de Sue Davidson Lowe, podemos encontrar, para além da biografia do grande fotógrafo e galerista americano Alfred Stieglitz (1864-1946), alguns retratos por ele executados, nos quais se incluem dois auto-retratos e uma inevitável fotografia da pintora Gergia O’Keefe (1887-1986), a mulher com quem esteve casado durante mais de duas décadas, até à sua morte em 1946.
Kindred Spirits, Hungarian Photographers 1914-2003 é o catálogo de uma exposição sobre fotografia húngara comissariada por Péter Nadas (1942-) que esteve em exibição no Museu de Fotografia de Hague entre Setembro de 2004 e Janeiro de 2005. Budapeste é uma cidade que tenho visitado com regularidade nos últimos anos e de onde tenho trazido algumas referências que vou guardando na prateleira. No entanto, é fácil esquecer que a Hungria já nos deu fotógrafos como Robert Capa (1913-1954), Brassai (1899-1984), Kertész (1894-1985) e Moholy-Nagy (1895-1946), pois tais nomes foram internacionalizadas e fazem agora parte do património da humanidade. O livro guarda excelentes reproduções de alguns trabalhos dos autores citados, e de outros, como Márta Rédner (1909-1991), Martin Munkasci (1896-1963), e até Péter Nádas, o comissário da exposição e autor dos textos que acompanham as fotografias. Talvez os ensaios de Nádas me ajudem a reunir e a entender o material que tenho trazido de Budapeste.
Carlos Miguel Fernandes
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