Thomas Weinberger, Dubai
A formação do Thomas, em Arquitectura, é notória na forma como escolhe e retrata as paisagens urbanas, mas é à fotografia alemã (Thomas Weinberger nasceu em Munique em 1964) que vamos buscar pistas para entender a motivação e o caldo cultural que precede as suas obras de grande formato e iluminação indecifrável. Qualquer apreciação e estudo do trabalho de Weinberger irá desembocar inevitavelmente no casal Becher. Bernd (1931-2007) e Hilla Becher, autores de um épico inventário da arquitectura popular da Europa Central, foram professores de Andreas Gursky, um dos nomes grandes da fotografia alemã da actualidade, e artista cuja obra se cruza com o trabalho de Thomas Weinberger em muitos aspectos. Albert Renger-Patzsch (1897-1966) também é uma personagem relevante nesta história, mas eu vou mais longe, e atrevo-me a referir August Sander (1876-1964) e o seu ímpeto de catalogar a sociedade alemã do início do século passado, com retratos frontais e linhas verticais dominantes (e recorde-se ainda semelhante empresa de Karl Blossfeldt, mas com plantas).
Bern e Hilla Becher, Kuhlturme, 1967-73
Rigor técnico, objectividade, simetria, compressão dos planos e até, mais recentemente, uma certa tendência para a monumentalidade (vide o já referido Gursky e também Candida Höfer); são estes os ingredientes principais da fotografia alemã do século XX e início do século XXI. Quebrando, com subtileza, a obsessão pela simetria, e aproveitando as novas ferramentas disponibilizadas pela emergência da fotografia digital, Thomas Weinberger domesticou uma tendência para a indecisão, cravou um carácter temporal nas suas imagens e criou assim um visão muito pessoal do mundo, a qual, no entanto, não mascara a sua génese.
Andreas Gursky, 99 Cent II Diptychon (imagem esquerda), 2001
Carlos Miguel Fernandes
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